sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Evento: Seminário Terra, alimento e Liberdade - 05/06/2013



          O seminário Terra, Alimento e Liberdade. O que você alimenta quando se alimenta ocorreu entre os dias 03 e 07 de junho e teve como objetivo ampliar os espaços de discussão sobre temas referentes à Agroecologia dentro da Universidade de São Paulo – USP, contando com a participação de estudantes, alunos convidados e militantes do movimento agroecológico.

          No dia 05 a coordenadora do Projeto de Extensão Memória dos Paladares, Ana Maria  e a bolsista Ana Sueling  participaram. O tema abordado foi sobre os sistemas produtivos: aspectos socioambientais da produção em sistemas agroecológicos onde tópicos como: Princípios da Agroecologia e potenciais agrícolas nos ecossistemas tropicais; A produção de alimentos por meio do cultivo de sistemas agroflorestais na Mata Atlântica e; Estrutura fundiária necessária para os sistemas agroecológicos com base na agricultura familiar e a problemática dessa estrutura no contexto brasileiro. Aspectos de sociabilidade específicos do pequeno agricultor familiar e a incompatibilidade com a estrutura latifundiária foram debatidos.
        
          Segue abaixo algumas impressões que ficaram desse enriquecedor momento:



           Imagine..... o que um holandês faria no alto do Rio Negro no meio da Amazônia????? Turismo ecológico???? Pescaria???? Não.... Nenhuma das respostas mais interessantes não estariam corretas para esta pergunta, pois o primeiro palestrante do evento que participei hoje realiza pesquisa sobre roças de tribos indígenas desta regiões.
            
          Pensar em uma roça hoje nos parece muito complexo, uma vez que qualquer alimento que queiramos consumir está disponível nas prateleiras de nossos supermercados. Pensar em uma roça se tornou algo distante da realidade urbana, e principalmente compreender como este processo ocorre em uma tribo indígena, sabendo que a terra a ser utiliza é extremamente ácida parece mais complicado ainda.

          E sobre agrofloresta, você já ouviu falar? Pois é, até a presente tarde eu também não... e, muito me surpreendeu dentro de uma comunidade acadêmica, um humilde agricultor explanar com tanto amor e dedicação sobre sua terra e como a academia parece não se importar significativamente com a agricultura familiar, parecendo que os olhares estão voltados para pesquisas relacionadas a agroindústria, voltada para pesticidas e agrotóxicos. Dolorido ouvir que até outro dia crianças filhas se agricultores simples tinham vergonha de seus pais.... Mas esperançoso em saber que esta realidade está mudando.

          E o trigo???? Já pensou porque comemos pão? Simples porque desde o descobrimento do Brasil, nossa cultura alimentar vem sendo moldada de acordo com os padrões alimentares europeus. Não faz sentindo nenhuma um país que pode ter uma alta produção de mandioca ou milho ter um consumo muito maior de trigo. O mesmo vale para a maçã, fruta importada da Europa... Alguém já viu alguém comendo bananas na novela??? Aposto que não.... Nossos hábitos alimentares estão e sempre foram moldados não de acordo com o que há pra ser comido na região em que vivemos, mas de acordo com os moldes midiáticos impostos por uma elite que pensa o que é bom para “intelectuais”. COMER É UM ATO POLÌTICO, que envolve status e eu achando que simplesmente era porque tinha um paladar “desenvolvido”.

          Consumo consciente é comer alimentos que são cultivados e produzidos em sua época.... Por exemplo não queira comer morangos no verão escaldante..... Comer conscientemente é simplesmente respeitar a natura e o tempo de cada um dos alimentos por ela fornecidos.

          Tudo isso que vos conto agora, são apenas algumas poucas reflexões de tantas que em um exercício mental de alta qualidade realizei esta tarde, e estes exercícios só são possíveis quando nos permitidos deixar o conforto de nossos “lares” e enfrentarmos o medo de nossa suposta” inferioridade intelectual” nos permitindo, sem medo, ou preconceito, conhecer outras opiniões e argumentos.... da simplicidade do agricultor, até dredis andantes estranhamente colocados em um auditório lotado.


Por Ana Sueling Alves Diniz

Ana Dietrich e Ana Diniz



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