quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

XI Encontro Memória dos Paladares: Sessão Pipoca Documentário: "Muito Além do Peso"

Ocorreu a exibição do documentário “Muito além do Peso”, lançado em novembro de 2012, que discute sobre a qualidade da alimentação das nossas crianças e os efeitos da comunicação mercadológica de alimentos destinada a elas. Tema relacionado ao documentário publicado em 2008, “Criança, a alma do negocio”, que alerta sobre os apelos de mercado voltados ao público infantil e propõe uma reflexão sobre a ética e a responsabilidade de cada setor social n proteção da criança frente às relações de consumo.




Esse documentário é fruto da trajetória de Maria Farinha, do Instituto Alana e da diretora Estela Renner. Estela Renner viajou o país coletando relatos de historias alarmantes sobre crianças com obesidade infantil, de diferentes regiões, mostrando que esse problema é uma pandemia generalizada que não possui fronteiras.
Muito além do peso, fala questiona o porquê de 33% das crianças brasileiras estarem com sobre peso e mostra que essa resposta envolve a indústria, a publicidade, o governo e a sociedade de um modo geral.

Foi realizado um debate com o tema vinculado ao documentário, abordando principalmente os fatores que causam a obesidade infantil, e as iniciativas que poderiam ser implantadas para reduzir esse problema.

Imagem debate

Imagem Debate


Após a realização desse debate e da exibição do documentário, ocorreu o túnel das sensações no laboratório cozinha (7º andar da torre 3, bloco A, UFABC, campus Santo André), com degustação de frutas e redescobrimento dos alimentos através do tato, audição e olfato.

Túnel das sensações - Ana Lee e João Victor

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Túnel das sensações - Ana Lee, João Victor, Vanessa 

Túnel das sensações - Ana Lee, João Victor, Vanessa

Cidadania e Direitos Culturais: Democratização e Ampliação de Acesso

Encontro de Diversidade Cultural do ABC

GT2- Cidadania e Direitos Culturais: Democratização e Ampliação de Acesso


Pai Nelson, casa “Mauter Axé”

Localizada em Diadema, a casa religiosa foi fundada em 1963 por sua mãe que veio do interior de Pernambuco para São Paulo. Como sua mãe sofria com problemas de saúde ele se responsabilizava por algumas atividades da casa, após o falecimento de sua mãe ele a assumiu, ele agora é o sacerdote religioso.
Pai Nelson teve sua inicialização à 39 anos, e é pertencente do Orixá Xanda e do Orixá Xando, é da Casa Matriz Salvador, que é a casa de sua mãe de santo.
Ele sente que sua religião é muito discriminada, e que muitas vezes isso ocorre pelo fato de que a pessoas não conhecem realmente o que é a sua espiritualidade, a sua fé, e que essa falta de conhecimento causa uma mistificação sobre o que se acredita e se busca no Candomblé. E deseja que um dia ainda veja todas as religiões se reunião para trocar informações, pois acredita que isso engrandeceria as mesmas.
Em sal casa religiosa, ele ensina as crianças sobre o respeito aos mais velhos, e sobre a verdadeira história do começo do Brasil.
“O Candomblé pede Paz!” – Pai Nelson.

Ana Maria Dietrich

Direito à memória X Dever à memória

- Comentou sobre o Nazismo e o incidente do holocausto, e o período da Ditadura e anistia política vivida no Brasil.

·         Conceito de Patrimônio:
- Conjunto de signos que referem práticas, valores e sensações do individuo, como ser biológico, e/ou como elementos do corpo social.
- Sensação de pertencimento – percepção que temos o valor da própria vida e de tudo o que ela representa.
*Isso de refere não só aos monumentos grandiosos, mas també, as ruínas e construções históricas, pois estas revelam o passado dessas sociedades.

·         Direito à Memória
- Patrimônio – imagem congelada do passado.
Dissociação com a função social, com o presente. Pensar que o patrimônio esta presente no nosso passado e no presente.

·         Dever da Memória

O holocausto foi uma tentativa de apagar a história, feita a partia da queima de documentos, como um apagamento do individuo. Isso também ocorreu durante o período da ditadura com os desaparecidos políticos.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Direito a memória ou Dever a memória? Eis a questão.

Este foi um dos questionamentos levantados pela professora Ana Dietrich, no evento denominado “Salvaguarda do direito a memória e identidade cultural” da feira de Diversidade Cultural, realizado 21 de novembro de 2013, no campus alpha da Universidade Federal do ABC em São Bernardo do Campo.
A professora iniciou questionando o que deveria ser conservado, e o que não deveria ser preservado em termo de memória e patrimônio?

O patrimônio cultural de um povo é o conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados de interesse relevante para a permanência e a sua identidade da cultura.

Contudo quando vai se constituir a memória de um grupo ou lugar, ocorre uma batalha entre as memórias.
A professora mencionou as memórias acerca de Tiradentes que são fortes na cidade de Ouro Preto, mas que segundo ela, ocorre o esquecimento das memórias quilombolas, por exemplo. Nessa disputa de memórias e patrimônio, sempre há uma memória ou algumas memórias que se tornam hegemônicas.

A professora mencionou também o que ocorreu depois do holocausto nazista. ela disse que enquanto houveram movimentos que tentaram apagar este acontecimento, muitos historiadores consideram um dever lembrar-se dos fatos ocorridos no nazismo. Porque foram atrocidades tão grandes que aconteceram, que devem ser lembradas para que as próximas gerações saibam o que aconteceu e assim estejam mais protegidas do que ela chamou de "fantasmas do negacionismo".
Tem-se no Brasil, um conflito de ideias semelhantes, no que diz respeito as memórias da ditadura militar.

Ela também ressaltou o conceito de patrimônio. Porque geralmente pensamos em monumentos. Mas o conceito de patrimônio é bem mais amplo, diz respeito a um conjunto de signos (práticas, valores, e sensações  do individuo...) que o levam ao sentimento de pertencimento. O patrimônio está portanto, intimamente ligado a identidade. Logo é essencial a participação da população nesta discussão.
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Por muito tempo o que era considerado patrimônio, passava por uma avaliação puramente estética. Hoje, ela diz que é uma questão bem mais problemática, porque nem tudo que é belo é um patrimônio. Outra coisa ressaltada, foi que não necessariamente precisa ser monumental, ou um museu, ou somente coisas ligadas ao passado, pode estar fortemente relacionado as problemáticas do presente.

A professora Ana, disse que o projeto Memória dos Paladares, seria uma abordagem de um patrimônio imaterial, vinculado a cultura dos paladares.








Postado por
: Lucas Camilio, discente do Bacharelado de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC e pesquisador
do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Encontro da Diversidade Cultural do ABC III

Durante os dias 21, 22 e 23 de novembro, a Universidade Federal do ABC junto ao SESC realizou o encontro da diversidade cultural do ABC, sendo sediado nos dois primeiros dias (21 e 22) no campus de São Bernardo do Campo da UFABC, e no ultimo dia (23) no SESC. A Equipe do projeto de extensão Memória dos Paladares acompanhou o GT 2 - Cidadania e Direitos Culturais: Salvaguarda do direito a memória e identidade cultural, que teve como mediadora a Professora Doutora Ana Maria Dietrich e a participação do Grupo de Jongo Preta Bandeira (Santo André) e Ilê Axé Abê Manjá Orubarana(Diadema), representados por  Leandro Valquer e Pai Nelson, respectivamente.

O primeiro relato foi o de Pai Nelson, que começou falando um pouco da história do Terreiro de Iyêmanjá, que em 2013 completa 50 anos de existência. O terreiro foi fundado por sua mãe, Augusta Vicente de Freitas, e atualmente Pai Nelson faz parte da direção do terreiro. Em seu relato Pai Nelson enfatizou a necessidade de respeito entre as religiões, pois há muito preconceito e equívocos quando se trata de religiões diferentes das judaico-cristãs, ainda mais em um país como o Brasil, que teve por muito tempo o catolicismo como religião oficial, as religiões de raízes africanas sofrem muito deste preconceito. Enquanto falava também pontuou o quanto a oralidade é importante em sua religião, onde os ensinamentos são passados de forma oral.

A Professora Doutora Ana Maria Dietrich abordou o tema “Direito à Memória x Dever à Memória”, em seu discurso falou de memória e patrimônio, também falou sobre o dever à memória e da importância de preservá-la mesmo quando a mesma não é bela. Falou sobre a dificuldade de diferenciar o que é e o que não é patrimônio, e da importância da participação da sociedade nesse processo.


O ultimo relato foi o de Leandro Valquer, do grupo de jongo preta bandeira, onde falou do jongo, que é uma manifestação cultural criada por escravos no período da escravidão. Ele falou sobre a história do grupo  que surgiu em janeiro de 2013. 





Postado por: Felipe Silva dos Santos, discente do Bacharelado de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC e voluntário do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Memória dos Paladares no Encontro da Diversidade Cultural do ABC

Um dos cartazes do evento



O Memória dos Paladares esteve presente no Encontro da Diversidade Cultural do ABC, realizado no campus de São Bernardo. No dia 21 de novembro, acompanhamos de perto o GT 2, que tinha como título “Salvaguarda do direito a memória e identidade cultural”. Foram três falas: do Pai Nelson, acerca do candomblé; da Professora Doutora Ana Maria Dietrich, sobre o direito versus dever da memória; e do Leandro Valquer, que relatou sua experiência no grupo de jongo Preta Bandeira. A mediadora do GT era a própria Ana Maria Dietrich.

Participantes do GT e ouvintes

O relato do Pai Nelson foi marcado por uma frase em particular: “Candomblé é uma religião de paz”.  Iniciou sua vida espiritual ligado à Umbanda, e pode contar sobre a casa espiritual que antes era de responsabilidade de sua mãe. Aos 8 anos, incorporou um índio, Caboclo Peri, e desde então foi guiado nas suas tarefas espirituais. Em 74, se iniciou no Candomblé e hoje cultua, principalmente, o orixá Iemanjá (rainha do mar). Pai Nelson critica a falta de respeito e tolerância dos brasileiros à sua religião, e diz que “falta de religião é menos complicada que falta de respeito entre religiões”, e que “sonha com um futuro onde todas as religiões sentem juntas e troquem informações e experiências”. Sua luta constante não é pedir tolerância, mas sim respeito.

Pai Nelson

       A professora doutora Ana Maria Dietrich apresentou sua fala com o título “Direito à Memória x Dever da Memória”, e analisou as batalhas da memória e toda a dificuldade em estabelecer o que é patrimônio e o que não é. Até que ponto a negação à memória faz mal à História e sua compreensão? Com o exemplo do holocausto, questiona se esse “passar da borracha no passado” não prejudica o entendimento e até a prevenção de que uma situação semelhante não aconteça novamente. Para entender o que deve ser guardado e o que pode ser, de fato, apagado da memória é essencial entender o conceito de patrimônio. O patrimônio está ligado ao conjunto de práticas, valores, sensações do indivíduo, assim como o sentimento de “pertencimento” e o produto da trajetória humana. Nem tudo o que é belo é patrimônio, da mesma forma que nem todo patrimônio é belo, como por exemplo o Grande ABC como patrimônio industrial. Da mesma forma, patrimônio não é “o que sobrou da história”, como a própria Ana Dietrich diz.

Ana Maria Dietrich

       Leandro Valquer, representante do Grupo Preta Bandeira de Santo André, focou sua exposição de fatos na experiência do jongo. O Jongo é uma manifestação cultural que surgiu com os escravos, e servia para reivindicação, para organizações políticas, e também lazer. Em uma roda, os participantes começam a cantar e dançar, num formato pergunta-resposta, realizam brincadeiras entre eles, contam histórias e chamam outros a participarem também. Não existe separação entre público e artistas. Atualmente, o grupo tem ido difundir suas experiências e história nas escolas que os convidam, incentivando a criação de grêmios estudantis ou movimentos de conotação política. Também participam de trabalhos sociais e visitam coletivos, como a Casa da Lagartixa Preta em Santo André e outros espaços de formação de poder popular e descartam a hipótese de intervenção elitista.

Da esquerda para direita: Pai Nelson, Ana Maria Dietrich e Leandro Valquer.

O Encontro foi muito interessante, produtivo e os ouvintes participaram com observações construtivas, levando problemáticas e questões importantes. Como o nome do próprio GT já dizia “Salvaguarda do direito a memória e identidade cultural”, as falas apresentadas representavam minorias culturais e religiosas que, apesar de suas dificuldades, também tem direito à memória e identidade. Foi importante a exposição tanto teórica como prática. Para encerrar, Ana Dietrich diz: “Você deve visitar museus (ou ambientes como esse evento) quando, na verdade, a memória deveria estar dentro de você”.








Ana Lee é estudante do Bacharelado em Ciência & Tecnologia 
da Universidade Federal do ABC 
e bolsista do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Impactos e Projetos da Usina Binacional de Itaipu


Impactos Ambientais

A hidrelétrica de Itaipu, devido à sua magnitude, provocou profundos impactos ambientais na bacia do Rio Paraná. O principal foi o desaparecimento das 7 quedas da cidade de Guairá, uma das mais belas paisagens brasileiras. 
Houve também perdas da vegetação e da fauna terrestres, interferência na migração dos peixes e alteração na fauna do rio. Semanas antes do preenchimento do reservatório, foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens. Equipes de voluntários conseguiram capturar mais de 4500 bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies.


Impactos Sociais

Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de 42.444 pessoas onde 38.440 eram trabalhadores e trabalhadoras do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais. Partes dessas famílias viviam às margens do Rio Paraná e foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Algumas se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da confluência dos rios Iguaçu e Paraná.

Projetos

Para compensar os prejuízos causados a Fauna e a Flora local, a organização da Usina Binacional de Itaipu criou projetos como a criação de um zoológico para acolher os animais que foram retirados de seu habitat por causa da criação da usina, alem de revitalizar todo os arredores da hidrelétrica, com a plantação de arvores.

Programa Cultivando Água Boa


Gestão por bacias: Em grandes bacias, a saúde do rio é consequência direta das medidas adotadas para controlar o escoamento superficial e favorecer a infiltração de água no solo, prevenir a erosão e reduzir o aporte de sedimentos e nutrientes.


Programa Proteção da Fauna e Flora


Reservas e Refúgios: A Itaipu mantém oito reservas e refúgios biológicos localizados no Brasil e no Paraguai. A área protegida, que inclui mata nativa e trechos de reflorestamento, soma 41.039 hectares.


 Foram criados também projetos sociais como:

Programa Cuidados com as crianças


Opakatu: Desenvolve uma ação específica trabalhando valores básicos como amizade, o respeito e o amor, com apresentações teatrais em escolas. E realiza rodas de conversas com os adolescentes e jovens.



Jovem Jardineiro: As aulas têm duração de um ano, e ocorrem no Refúgio Biológico Bela Vista, com algumas das práticas desenvolvidas nos canteiros e jardins da própria Itaipu.


Programa Um futuro para os jovens


1000 Becas: Itaipu Binacional oferece bolsa de estudos a estudantes paraguaios de baixa renda, egressos de escolas públicas, que desejam cursar o Ensino Superior.

Programa de Estágios: Consciente da importância do estágio e das dificuldades enfrentadas por boa parte dos jovens para consegui-lo, a Itaipu abre espaço em sua estrutura para absorver estudantes de diferentes áreas que possam encontrar, na empresa, meios de colocar em prática o que aprendem na teoria.

Programa Educação Ambiental


Ecomuseu: Além de contar a história da usina e da região em que foi construída, o Ecomuseu da Itaipu desenvolve atividades inovadoras de educação ambiental.No espaço educativo, a comunidade e os visitantes participam de ações que promovem uma consciência ecológica.



Postado por: Vanessa Soares da Silva, graduanda UFABC, bolsista do projeto Memória dos Paladares.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Encontro das Diversidade Cultural do ABC!


     Durante os dias 21, 22 e 23 de Novembro de 2013, ocorreu no campus da Universidade Federal do ABC (UFABC) em São Bernardo do Campo-SP, o "Encontro da Diversidade Cultural do ABC". O evento foi realizado pela UFABC e pelo SESC Santo André, com a iniciativa da Pró-reitora de Extensão da UFABC e do Fórum Permanente de Debates Culturais do Grande ABC e contou com a colaboração da Cultura Viva Santo André.


Começo este artigo com as palavras do diretor regional do SESC São Paulo, Danilo Santos de Miranda e o Pró-Reitor em exercício da UFABC, Prof. Francisco Comaru:
     "Dialogar sobre temas como diversidade, produção e gestão cultural requer disponibilidade para a troca e a reflexão acerca da complexidade dos aspectos envolvidos na construção destes conceitos. A disponibilidade e o desejo de enfrentar estas questões agregaram o SESC e a Universidade Federal do ABC, instituições parceiras na realização deste Encontro da Diversidade Cultural do ABC, com a participação efetiva de atores da sociedade organizada representada pelo Fórum de Debates Permanentes e o Movimento Cultura Viva de Santo André." (Miranda).
     "O Encontro da Diversidade Cultural do ABC é fruto de um processo de construção coletiva envolvendo qualificados e legitimados parceiros regionais com larga e intensa experiência no campo da cultura. Como todas as universidades públicas, a UFABC tem um papel importante no tocante à definição e a implantação de sua política de cultura e de extensão, além do ensino e da pesquisa. Esperamos que o Encontro possa produzir vigorosos frutos, na perspectiva de ampliar o conhecimento dos saberes e práticas culturais da região do ABC e, particularmente, amplificar nossa capacidade de reconhecer as identidades e alteridades que conformam este universo rico e diversificado." (Comaru)
     É fundamental que ocorram eventos desse nível e que envolvam toda a comunidade externa e acadêmica. Deve-se haver um diálogo entre as diferentes formas de culturas e troca de saberes entre elas, uma vez que essa troca permite a nós um maior entendimento sobre a diversidade cultural que existe em nosso rico país e faz com que enxergamos e respeitamos aquilo que era desconhecido até então.
     O GT-2-Salvaguarda do direito a memória e identidade cultural teve como mediadora a Profa. Dra. Ana Maria Dietrich (Figura 1), docente da UFABC do Bacharelado em Ciências e Humanidades e coordenadora de projetos de Extensão da Universidade, como o Memória dos Paladares e Batuclagem. É doutora em História Social pela USP e pós-doutora em Sociologia pela Unicamp.   Em resumo o GT-2 tinha como objetivo propor uma reflexão que a Salvaguarda do patrimônio cultural, material e imaterial, deve representar um dos pontos centrais de atuação das políticas culturais na busca do reconhecimento e identificação dos valores simbólicos e das práticas do presente como forma de elaboração coletiva do futuro desejado. Contou com a apresentação da Profa. Dra. Ana Maria Dietrich "O direto a Memória X O dever a Memória". Relatos de experiência do Pai Nelson de Iyêmanjá, contando um pouco da história do Terreiro de Iyêmanjá e do Leandro Valquer do Grupo de Jongo Preta Bandêra de Santo André.
Figura 1 – Profa. Dra. Ana Maria Dietrich
     O grupo começou com o relato de experiência do Pai Nelson (Figura 2). Sua mãe carnal há 50 começa a história ligada aos preceitos religiosos do culto umbandista em uma casa, onde realiza atendimento espiritual. Aos oito anos de idade, pai Nelson incorporou pela primeira vez um índio chamado Caboclo Peri, que através da orientação espiritual de Mãe Augusta, passou a auxilia-la nas tarefas gerais e religiosas do terreiro. Em 1974 saiu da Umbanda para se iniciar no Candomblé na nação Ketú e em 1998 assume a nobre missão de zelar pelos Orixás e a cuidar da espiritualidade da casa que permanece há 50 anos. Pai Nelson de Iyêmanjá cultua os Orixás com senso, fé, respeito e dedicação, por ser um legado de suma importância deixado pelos ancestrais afro-brasileiros.
Figura 2 – Pai Nelson

     Pai Nelson conta que não foi fácil manter a casa em funcionamento durante esses 50 anos. "Existe muito preconceito e falta muita compreensão religiosa. Candomblé é uma religião e manifestação da natureza". Ele espera um dia em que as pessoas respeitem e que vejam o Candomblé como uma religião como as demais, que não julguem como coisas do submundo, pois ali também tem Deus. Gostaria de um dia ver a comunhão das religiões, sem preconceito e intolerância. Contou que tem coisas que entristecem, como por exemplo, pessoas antigas e sofridas e que pertencem ao Candomblé são muitas vezes taxadas como se fossem pessoas do mal, e que estão naquela situação devido as suas experiências com a religião. Diz que o Candomblé deve ser respeitado e lembrado, pois é uma herança e faz parte da História do Brasil.
     Em seguida, a Profa. Dra. Ana Maria Dietrich iniciou sua apresentação intitulada "O direto a Memória X O dever a Memória" (Figura 3) indagando o que deve ser preservado em termos de memória e em termos de patrimônio?  Sobre o direito a memória citou a cidade de Ouro Preto-MG. Na praça central há o monumento de Tiradentes e o museu da Inconfidência que relembram o passado e as atividades daquele grupo, que foram de extrema importância na história do Brasil. Mas e as memórias dos quilombos que existiam naquela região, onde estão? Pergunta ela. Houve uma batalha de diversos grupos e a memória hegemônica da cidade de Ouro Preto é a memória relacionada ao passado de Tiradentes e ao passado colonial.
Figura 3 - Apresentação "O direto a Memória X O dever a Memória"
da Profa. Dra. Ana Maria Dietrich
     Sobre o dever a memória (que está relacionada a algum acontecimento traumático que devemos ter o dever de lembrar), ela diz que é mais complicado, mas citou como um exemplo o Holocausto, que é um assunto de debate mundial, pois muitas pessoas morreram e sofreram, e essa fato a sociedade tem o dever de lembrar. Porém há grupos que querem apagar, passar uma borracha em muitas atrocidades sobre esse passado, então historiadores erguem a bandeira do dever de lembrar a sociedade desse acontecimento e outros acontecimentos. "... foram atrocidades terríveis dentro da nossa história e deve ser lembrada para que isso nunca mais aconteça e para que as futuras gerações estejam imbuídas nessa discussão e saibam o que aconteceu e se sintam protegidas contra esse fantasma do negacionismo". Ela cita no Brasil, um caso semelhante, que é caso da Memória da ditadura militar, citando a lei da anistia que está sendo revista em diversos países da America Latina, mas não no Brasil. Ela (anistia) passa uma borracha no passado relacionado a ditadura militar. As pessoas que cometeram crimes e que estão envolvidas com o desaparecimento de presos políticos, continuam impunes. Esse crime que o Estado brasileiro fez durante a ditadura tem que ser punido ou indenizado.
     Foi passado também o conceito de Patrimônio. Muitas vezes patrimônio passa a ideia de monumentos e lugares. Porém patrimônio possui um conceito mais amplo. Por exemplo, conceito de patrimônio cultural e a questão do pertencimento que está ligado a um grupo de identidade. O relato do Pai Nelson é um patrimônio, dado pela fala, oralidade. O Brasil é um país essencialmente oral. Patrimônio então não é um monumento como muitos pensam. É uma percepção que temos da própria vida e de tudo o que ela representa, os demais seres, a natureza, o humano como ser biológico e social, produtor de cultura, isso é também é produto da trajetória humana sobre o planeta, seria um patrimônio cultural. Por fim ela enfatiza que não devemos pensar o patrimônio como algo antigo, que sobrou, mas como algo vivo, algo a ver com a nossa identidade.
     Por fim, Leandro Valquer (Figura 4), do grupo de Jongo Preta Bandêra de Santo André contou um pouco sobre a história do grupo. Fundando em janeiro de 2013, se originou de outros grupos locais como o Toadas e Atrovadas e Angô Anama. O Preta se propõe a pesquisar única e especificamente a prática do jongo (Manifestação cultural e de resistência que surgiu no sudeste do Brasil no período da escravidão) em toda sua rica diversidade de expressões e maneiras diferentes de fazê-lo. A meta do grupo é a interação da arte com o público por meio de apresentações em espaços diversificados, especialmente espaços de culturas alternativas, movimentos sociais e ruas e praças públicas, onde são realizados os ensaios do grupo e, desta forma, ocupar espaços públicos com cultura transformadora, revolucionária, que proponha outro tipo de relação com a cidade.
Figura 4 – Da esq.: Pai Nelson, Profa. Ana M. Dietrich e Leandro Valquer
     O que ficou marcado nesse evento é o respeito que devemos ter com as diversas manifestações de culturas que existem e que elas devem ser lembradas e transmitidas às futuras gerações e jamais deixar cair no esquecimento. O que pode parecer anormal para uns é completamente normal para outros grupos. O que temos que fazer é compreender e nunca julgar sem antes conhecer as lutas e a história de cada movimento cultural. Vivemos em um país com grande diversidade cultural e em tese deveríamos estar aptos a conviver com tantas diferenças que existem nos quatro cantos do país, porém isso não acontece na prática. As pessoas se fecham em seus mundos e agem como se fossem superiores aos outros. Eventos como esses promovidos pela UFABC e o SESC ainda é muito pouco para divulgar e alcançar as pessoas e fazê-las entender que o mundo é plural e não singular. Mas em vista de todos os acontecimentos é um passo muito importante, as portas da universidade foram abertas para a discussão, problematização e reflexão desses temas com pessoas "não muito comuns" da sociedade.

O GT foi transmitido ao vivo pela internet e quem quiser conferir mais um pouco do que rolou no dia acesse Video:GT 2 - Cidadania e direitos culturais: Salvaguarda do direito à memória e identidade cultural.

 João Vitor C. de Melo é estudante do
 Bacharelado em Ciência & Tecnologia da
 Universidade Federal do ABC e bolsista do
 projeto de Extensão Memória dos Paladares



domingo, 24 de novembro de 2013

Memória dos Paladares no I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade - III

Na passagem por Foz do Iguaçu, tivemos experiências e percepções que relato a seguir:

Culturas alimentares em Foz do Iguaçu

            A cidade de Foz do Iguaçu é conhecida por 3 fatos principais: as Cataratas do Iguaçu, a Usina de Itaipu, e a tríplice fronteira com o Paraguai e a Argentina. A cidade ainda é sede da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), onde foi realizado o congresso, e traz universitários de todo o país.

            Por ter uma população tão diversa, as culturas alimentares possuem características de várias regiões, porém uma peculiaridade do local é a existência de muitos estabelecimentos de comida árabe. Segundo uma das estudantes da UNILA, Foz do Iguaçu possui uma comunidade árabe muito grande, que acreditam ser a segunda maior no Brasil, tirando a de São Paulo.  Por conta disso, é comum alimentos como kafta, esfihas, tabules, e shawarma. O shawarma é um alimento com carne bovina ou de frango (feitos no estilo do churrasco grego), creme de alho, alface, entre outros ingredientes, envolto em pão sírio.

Um dos estabelecimentos que vendem comida árabe da região


Shawarma de carne (acima) e de frango (abaixo).

Além da comida árabe, há muitas barraquinhas e estabelecimentos que vendem lanches, e muitas pizzarias com sabores variados, e claro, comida caseira. 

Pizza de Filet Mignon

Comida Caseira
Parque Nacional e Usina de Itaipu
Visando pesquisar sobre a questão da sustentabilidade, foram feitos dois trabalhos de campo: Visita ao Parque Nacional do Iguaçu, onde as Cataratas do Iguaçu estão localizadas, e à Usina de Itaipu.
O Parque Nacional do Iguaçu é uma das principais áreas de preservação do Brasil, tendo recebido da UNESCO o título de Patrimônio Natural da Humanidade, em 1986. Em 2010, foi criado o Projeto Respeito à Vida, com ações de conscientização à preservação do local.

Mapa das Cataratas do Iguaçu no Parque Nacional do Iguaçu

Cataratas do Iguaçu

A Itaipu Binacional fornece energia para o Brasil e Paraguai, e é considerada a maior geradora de energia limpa do mundo. Possui um pólo tecnológico avançado e atualizado, além de vários programas ligados à sustentabilidade também. Um desses programas é o Desenvolvimento Rural Sustentável, do programa maior Cultivando Água Boa. Tem como público alvo os agricultores de propriedades rurais da Bacia do Paraná, principalmente os que estão em sistema de agricultura familiar, representando quase 90% da produção. Dado o alto potencial de degradação ambiental e baixa sustentabilidade, o programa oferece apoio às famílias que se associam.

Usina de Itaipu

Foi dentro da Itaipu também, na PTI (Parque Tecnologico Itaipu), que se realizou o I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade. O Projeto Memória dos Paladares esteve presente realizando uma intervenção lúdica com o Túnel das Sensações e a Exposição Fome de Você.
Logo que saíam da última Sessão Temática, os participantes eram conduzidos ao nosso espaço de atividade antes de partirem. Seus olhos eram vendados, e com os sentidos do olfato e tato, descobriam qual eram os temperos e alimentos que estavam no pote. Assim que tiravam a venda, podiam apreciar visualmente a exposição Fome de Você e liam uma frase sorteada da exposição. Abaixo, está um exemplo de uma das frases sorteadas:

“A fome de amar é real, não se traduz em fios
Meu ouvido não ama, apenas ouve os seus reclames.
Jota Quest”
Exemplo de frase que o participante sorteia ao final do Túnel das Sensações.


Espaço onde era realizado o Túnel das Sensações e a Exposição Fome de Você


Participante do Túnel das Sensações
Espaço do Projeto com bastante movimento e participantes.


Equipe do Projeto Memória dos Paladares e Batuclagem em Foz do Iguaçu








Ana Lee é estudante do Bacharelado em Ciência & Tecnologia 
da Universidade Federal do ABC 
e bolsista do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.


Memória dos Paladares no I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade - II


Em viagem para o I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu (PR), além da participação no congresso, também foi realizado pesquisa de campo sobre a culinária local, sustentabilidade e meio ambiente.
A usina de Hidrelétrica de Itaipu é uma Usina binacional, foi construída no Rio Paraná, na fronteira do Brasil e Paraguai e foi construído por ambos em parceria, durante a estadia na cidade de Foz do Iguaçu o grupo de alunos do projeto de extensão Memória dos Paladares visitou a usina em pesquisa de campo. A usina gera energia para ambos os países e é a hidrelétrica com maior produção de energia do mundo, gerando energia para o Brasil e para o Paraguai, sem emitir poluentes.


Foi feita também uma visita ao Parque Nacional, onde fica a maior unidade remanescente da mata Atlântica do sul do Brasil, e é dirigido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação a Biodiversidade. Nele é conservado diversas espécies da flora e fauna brasileira em risco de extinção, e pelo Rio Iguaçu é unido ao Parque Iguazú na Argentina, onde também é preservado diversas espécies da América do Sul.


No I Congresso Internacional da América Latina e Interculturalidade, no dia 7 de novembro de 2013, foi apresentado o trabalho “O programa Memória dos Paladares e as políticas culturais universitárias de extensão”, também foi realizado uma apresentação do Túnel das Sensações e a exposição “Fome de Você” do Projeto de extensão da Universidade Federal do ABC, Memória dos Paladares, para o público presente.
Também foram assistidas as diversas palestra e trabalhos apresentados no congresso, como o “Cultura digital entre os kaiowá: conjunção de intermedialidade de um ponto de cultura em uma escola guarani no centro oeste do Brasil” entre outros.


 A Pesquisa de campo voltada à culinária local revelou uma forte influência árabe nos pratos da região, Foz do Iguaçu possui a maior proporção de população Islâmica do Brasil, e isso se reflete muito nos restaurantes locais, onde se vê vários restaurantes árabes. Dentre os pratos da culinária árabe, Shawarma, Esfiha e Kafta foram experimentados. Das comidas regionais a carne se destaca bastante, principalmente pelo tempero forte. O shawarma e a Kafta são pratos bastantes semelhantes. Os ingredientes  Pão Árabe,  Creme de Alho e alface vão em ambos, a verdadeira diferença sem encontra nos recheios e tamanho dos pratos. O Shawarma pode ser recheado com carne, frango ou ambos.












Postado por: Felipe Silva dos Santos, discente do Bacharelado de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do ABC e voluntário do Projeto de Extensão Memória dos Paladares.




Memória dos Paladares no I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade - I


Intervenção Cultural do projeto de Extensão Memória dos Paladares
            O I Congresso Internacional América Latina e Interculturalidade foi relizado no Parque Tecnológico de Itaipú, na cidade de Foz do Iguaçu, estado do Paraná, durante os dias 07 a 09 de Novembro de 2013. O projeto de Extensão da UFABC: "Memória dos Paladares - trocando saberes e sabores com a comunidade do entorno da UFABC", foi convidado a realizar uma intervenção cultural das atividades "Túnel das Sensações" (ver figuras 1 e 2 abaixo) e exposição fotográfica "Fome de você" (ver figuras 3). Ambas atividades foram desenvolvidas em outras oportunidades dentro da UFABC e em outros congressos, como na USP.

Figura 1 - Participantes do Túnel das Sensações durante o Congresso

Figura 2 - Participante do Túnel das Sensações tentando adivinhar os cheiros e sabores

            A atividade "Túnel das Sensações" consiste numa atividade que estimula os sentidos das pessoas. Por meio de temperos, frutas e especiarias é proposto ao participante tentar adivinhar quais são os alimentos que ela está em contato, porém com os olhos vendados. Muitas vezes as pessoas utilizam esses alimentos no dia-a-dia no preparo de pratos, porém não param para cheirar e sentir o aroma que eles possuem. A interação das pessoas com o Túnel das Sensações proporciona aos participantes uma viagem pela mente para tentar identificar qual cheiro cada alimento possui e tentar adivinhá-lo, muitas vezes as pessoas sabiam o que era, mas não lembravam o nome. Esse congresso em especial, agregou muito valor ao nosso trabalho, pois em contato com pessoas da Colômbia e Venezuela pudemos aprender outros nomes que esses alimentos recebem em seus países. Por exemplo, tivemos a participação da uma estudante da UNILA, vinda da Colômbia, Maria Lucilia Emilien, nos contou que cravo da índia em seu país é conhecido como clavo espécie; camomila, como manzanila e maça como manzana. Essa troca de saberes e sabores que túnel das sensações proporcionou a todos os participantes foi de extrema importância para todos que estiveram presentes.
            A exposição Fome de Você (ver figura 3) foi apresentada aos participantes e ficaram encantados com o trabalho. A exposição é resultado do I Encontro do projeto Memórias dos Paladares na UFABC, neste ano de 2013. O tema desse encontro foi o Consumo Consciente e justamente no dia dos Namorados. Por isso o tema da exposição, "Fome de Você", trazia casais em momentos de refeição, sempre ao lados de pratos e comidas. Combinamos as fotos com letras de músicas relacionadas a comida e isso trouxe vida a exposição. Ao final da visita a exposição as pessoas ganhavam uma frase retirada de alguma canção. Elas ficavam ansiosas esperando alguma mensagem de amor, felicidade e prazer.

 Figura 3 - Exposição fotográfica "Fome de Você"
   
Pesquisa de Campo
            Foram realizadas pesquisas de campo durante o período que estivemos em Foz do Iguaçu para podermos identificar a cultura alimentar local. De início o que nos surpreendeu foi a quantidade de restaurantes Árabes que encontramos na cidade, sobretudo na Avenida Juscelino Kubitschek (ver figura 4 e 5). Para descobrir o motivo que leva a cidade a ter tantos estabelecimentos dessa natureza, fomos pesquisar.

Figura 4 – Um dos restaurantes árabes da avenida Juscelino Kubitschek

Figura 5 – Restaurantes Árabes em Foz do Iguaçu

            Foz do Iguaçu está localizada no extremo oeste do estado do Paraná, às margens dos rios Paraná e Iguaçu, seu espaço territorial faz fronteira com a Argentina e o Paraguai, formando uma tríplice fronteira, fato que; junto à sua diversidade cultural, a torna uma localidade diferenciada. De acordo com André Ricardo Domingues,  tendo em vista Foz do Iguaçu, os primeiros imigrantes árabes chegaram na década de quarenta, posteriormente outros grupos vieram pelos anos de 1970 e 1990, motivados principalmente pela grande abertura do comércio paraguaio e qualidade de vida.  Segundo a Delegacia de Polícia federal de Foz do Iguaçu, entre os imigrantes árabes presentes na cidade, encontram-se indivíduos provenientes da Argélia, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Síria e Palestina.
            A comunidade árabe de Foz do Iguaçu é participativa no cotidiano do município, pois além de se fazer fortemente presente no comércio em geral, participa da Feira das Nações, Artesanato, Turismo e Cultura, onde evidenciam suas tradições e costumes através de suas vestimentas, danças, gastronomia, e demais aspectos ligados à sua cultura. Portanto, Foz do Iguaçu é uma localidade onde se pode vivenciar a presença sócio-cultural árabe de forma explícita, principalmente na área central da cidade, onde facilmente encontram-se pessoas com vestimentas tradicionais árabes, mercado típico, lojas de roupas e utensílios árabes e diversos equipamentos gastronômicos especializados em comida típica árabe, os quais comercializam esfirras, shawarmas, beiruts, kaftas e outros pratos e iguarias, o que certamente ratifica a visualização destes produtos como parte da oferta comercial e turística de Foz do Iguaçu [1].
            Dentre algumas das comidas típicas destacamos as esfirras e shawarmas. Abaixo segue um pouco da história de cada prato.

Esfirras
Esfirra ou esfiha (ver figura 6) é uma pequena torta assada originária da Síria e do Líbano, e encontrada em outros países do Oriente Médio, como a JordâniaPalestina e Iraque, além do Brasil e Argentina, para onde foi levada por imigrantes árabes (sírio-libaneses) e tornou-se extremamente popular.
Existem diversas receitas de esfirra. A forma tradicional sempre é feita com massa de pão, assada no forno, com recheios que podem ser de carne bovina, carne de carneiroqueijocoalhada ou verduras temperadas [2].
Figura 6 – Esfirras tradicionais de carne bovina
Shawarma
Shawarma (ver figura 7) é um prato árabe originalmente composto de fatias finas de frango ou carne de vaca assados em um espeto vertical e servidas no pão sírio com legumes e outros acompanhamentos. Tornou-se popular na Europa como comida rápida, graças à influência de imigrantes do norte da África e da Turquia. Em Foz do Iguaçu, no Brasil, se popularizou com chegada do imigrantes libaneses que vivem na Tríplice Fronteira. Logo se expandiu para toda região oeste do Paraná, onde hoje é popular em várias cidades [3].

Figura 7 – Shawarma

O Congresso e a pesquisa de campo puderam proporcionar outros olhares e reflexões sobre a riqueza cultural e a interferência alimentar de outras nações na culinária brasileira e como isso interfere na vida das pessoas. A quantidade de restaurantes árabes em Foz do Iguaçu é consequência do processo imigratório do povo árabe para diversas partes do mundo. Eles existem para atender a demanda que existe na cidade e se popularizaram entre os brasileiros. Segundo relatos de pessoas da cidade, árabes, turcos e chineses exercem grande influência na região da Tríplice Fronteira, sobretudo no comércio do Paraguai. A vinda de outras culturas proporcionou essa cidade ser gastronomicamente diversificada e atende a todos que por lá passam, seja a passeio ou para morar.

Referências
[1] O processo imigratório da Comunidade Árabe e suas inserções culturais no território de Foz do Iguaçu-Pr. Disponível em: < http://www.partes.com.br/2013/03/04/processo-imigratorio-da-comunidade-arabe/ >. Acesso em: 11.Nov. 2013.
[2] Esfirra ou Esfiha. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Esfirra>. Acesso em 11.Nov.2013.

[3] Shawarma. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Shawarma>. Acesso em 11.Nov.2013.


João Vitor C. de Melo é estudante doBacharelado em Ciência & Tecnologia da Universidade Federal do ABCe bolsista do projeto de Extensão Memória dos Paladares